A Luta é Alegria

Sim! Eu fui das que ficou em choque quando, no Domingo se apercebeu que, quem ganhou o Festival da Canção foram dois personagens de intervenção... Eu sou do tempo em que o Festival da Canção pertencia à Simone, ao João Paião, ao Paulo Carvalho, às Doce. Em que este espectáculo era respeitado e de quando era um orgulho participar nele. De quando se organizavam jantares em casa para assistir ao Festival (e às Misses também) e não havia lugares suficientes no sofá para nos sentarmos.

Mas depois ouvi a música, li muitas opiniões e ouvi a entrevista do Jel no telejornal da SIC. Tenho de dar a mão à palmatória, o raio da música fica no ouvido e é melodicamente engraçada. Ficar em choque para quê? Certo é que já ninguém liga ao Festival da Canção! Os cantores de hoje nascem nos Ídalos e no Youtube. Ficar chocada seria hipócrita da minha parte. Desrespeito pelo Festival da Canção temos nós desde que deixámos de assistir e de lhe dar importância.

Para mim, a vitória destes dois jagunços só mostra o estado em que está o país. A música de intervenção nunca fez parte das minhas preferências. Músicos como Zeca Afonso ou António Variações sempre me fizeram comichão. Mas o certo é que, cada vez mais revolucionários e reaccionários têm a mesma opinião: O país não tem ponta por onde se lhe pegue e já ninguém aguenta isto, sejam de esquerda ou de direita. Não me admirava nada que eles ficassem bem classificados na Alemanha. A Merkle até simpatiza connosco e toda a Europa sabe o estado em que estamos. Na volta até nos dão a vitória por simpatia ou empatia ou o que lhe queiram chamar.

Tenho pena de ser representada por dois personagens, mas de facto, se eles não tivessem ganho, provavelmente eu nem saberia que o Festival da Canção tinha acontecido este fim-de-semana. Vamos então deixar-nos de hipocresias e vamos lá ver no que isto vai dar!

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