17/10/2018

Esta fase soberba!

Quando sempre quis ter filhos, não fazia a menor ideia do que isso significava ou implicava.
Eu não queria ter filhos! Eu queria ter bebés. Daqueles fofinhos! Bonitos! Que riam, usavam folhos, cheiravam a Mustela e dormiam a noite toda.

Ninguém nos informa que não é nada disso que vem no pacote!

Só agora entendo que o melhor dos filhos vem depois de eles deixarem de ser bebés. Só depois entendi que a maternidade é melhor e melhor à medida que o tempo passa.

Quando fiquei sozinha com eles foi muito complicado e estafante! Eram dois bebés pequenos. Exigiam todos os cuidados e atenção que uma criança pequena precisa. Um deles [meu pequeno ogre] ainda acordava 7 vezes por noite.

Durante muito tempo senti-me uma escrava dos filhos. Sozinha e sem ajuda. A ter de cuidar de tudo e de  chegar a todo o lado.

À medida que o tempo passa e eles vão ganhando autonomia, também vão crescendo a nível de maturidade. Vão-se tornando pessoas em ponto pequeno. Conversam! Fazem companhia! É delicioso.

Mas o que eu descobri com o tempo (e até me sinto mal por estar a vibrar com isto) é que a autonomia deles foi das coisas melhores que me aconteceu!!!

Começarem a tomar banho sozinhos, a arrumar o quarto sozinhos, a tratar das coisas deles sozinhos e a fazer pequenas tarefas domésticas sozinhos, permitiu-me aumentar significativamente o meu tempo de qualidade com eles. Desde que distribuímos tarefas entre os três, ficámos com mais tempo para estarmos os três. E isso é maravilhoso!!!

Hoje chegámos a casa ao fim do dia (já frio e chuvoso), cansados e moles e eu peguei no Darcy para ir passear com ele. Mandei-os para o quarto.

- Mãe, precisa de alguma coisa?

Confesso que me senti comovida com o cuidado da pergunta dela. Logo de seguida senti-me uma oportunista!

- Podem ir pondo a mesa! A máquina está com loiça lavada. Podem tirar de lá coisas e arrumar o resto nos armários.

Fui passear o cão com outro ânimo. Mesmo com a chuva que caía. Primeiro senti-me mal... Mas depois percebi que eles tinham de assumir estas responsabilidades. E que eu também merecia que me ajudassem.

No fundo os filhos até são um investimento!!! 10 anos depois, se não tivermos empregada, eles fazem grande parte do trabalho doméstico.

Agora só me falta ensinar-lhes a usar a máquina da roupa! Dizer onde guardo os produtos de limpeza e escolher uma boa revista para ver no sofá enquanto eles ganham autonomia absoluta!!!

Estou doida que tirem a carta para poder mandá-los ao supermercado...

12/10/2018

Coração de mãe é elástico!

Todos os dias pomos à prova a elasticidade do nosso coração de mãe. Basta ver a quantidade de vezes por dia que passamos de cordeirinho cor de rosa, macio e cheio de luz até ogre esventrado com todas as forças do mal a saírem pelos poros e voltamos a cordeirinho rosinha logo a seguir!

Felizmente não testamos a elasticidade do nosso coração até ao extremo todos os dias!

Faço este post em jeito de alerta. Provavelmente um alerta básico! Mas ainda assim, não custa lembrar.

Sou aquela pessoa que, quando está sem os filhos por perto, tem sempre o telefone com som. Que nunca deixa de atender nenhum telefonema porque não sabemos quando vai ser o telefonema que devemos mesmo atender.

Até ao dia em que não atendi. Aquele dia em que estava a trabalhar. Descansada porque eles estavam no colégio e, por isso, em segurança e entregues. O dia em que vi um número que não conhecia e por estar a tirar os meus alunos da sesta (um momento alto da rotina diária) não atendi!

- Hum.. Agora não consigo! Liguem mais tarde!

Pensei eu na minha maior tranquilidade! (Facadas no coração!) Passados uns minutos liga-me o pai dos meus filhos. Estranhei ligar-me àquela hora...

O meu coração estilhaçou-se quando ouço dizer: “Estou a caminho do hospital! O Vicente bateu com a cabeça e está a ir de ambulância!”

Deixei de ver! Deixei de ouvir! O meu estado estava de tal forma alterado que fui buscar a minha carteira, agarrei nas chaves do carro e numa tesoura... Uma tesoura...

Pus os 4 piscas e voei! Não me lembro do caminho! Só me lembro de ir a rezar o tempo todo! Não fazia ideia do que tinha acontecido nem do estado em que ele estava. Apenas sabia, enquanto Educadora, que, para não terem esperado por nós na escola e o terem mandado de ambulância, não era bom sinal.

Consegui chegar antes da ambulância ao hospital e o meu coração voltou a parar quando vejo uma ambulância do INEM e não uma ambulância dos bombeiros...

Ele estava consciente e não havia sangue! Soube então que tinha caído a jogar futebol e que tinha vomitado.

Os momentos seguintes foram de pânico. Ele balbuciava em vez de falar e os olhos dele reviravam enquanto ele deixava cair a cabeça. Sabia que estávamos no sítio certo! Mas não sabia o que esperar... E não saber o que esperar quando vemos um filho assim é a pior sensação do Mundo!

Felizmente o pai estava lá também e conseguiu manter a calma! A dele e a minha. Enquanto eu, nervosa, angustiada e dorida não parava de lhe fazer festinhas, rezava para dentro e tentava controlar as lágrimas, o pai esteve sempre à frente dele a tentar mantê-lo calmo e acordado.

- Vicente.. Diz ao pai quantos dedos estão aqui! - perguntou ele com 4 dedos espetados..
- Se..... te.....

O meu coração mirrava a cada segundo que passava...

O médico chegou, fez-lhe algumas perguntas, ele respondeu com bastante dificuldade...
Quando o levantou para ver se era capaz de andar, ele caiu no chão a vomitar novamente!

Seguiu imediatamente para o SO e para o TAC.

A incerteza... Sempre a incerteza de como ele estaria e o que iria acontecer a esmagar-nos o coração cada vez mais estrangulado...

Felizmente o TAC estava bem... Seguiram-se 8h a soro. Deixaram-no dormir. Dormiu horas seguidas... Volta e meia acordava! Ia melhorando de cada vez que acordava mas sempre muito confuso!

Às 23:00, como por magia, acordou! Novo! Parecia que nada se tinha passado! Piscou o olho à enfermeira e seduziu-a com as suas piadas que o caracterizam! Nem queríamos acreditar!

Conseguiu levantar-se! Conseguiu comer! Conseguiu vestir-se! Espalhou charme pelo SO inteiro e pôs médicas e enfermeiras a rir com o seu sentido de humor.

O meu coração, estralhaçado e pequeno, começou lentamente a voltar ao normal! Só me apetecia abraçá-lo e dar-lhe beijos!!!

- Mãe, não sei se é boa ideia jogar futebol!
- Nem penses!!! Vais voltar a jogar futebol! E eu nunca mais deixo uma chamada por atender!!!


Não posso deixar de registar uma enorme vénia à equipa de urgências e do SO pediátrico do Hospital de Cascais! Desde as enfermeiras (Obrigada enfermeira Carolina!) aos médicos, às auxiliares! Sempre fantásticos, sempre prestáveis, sempre preocupados, sempre meigos e simpáticos. Tanto com o Vicente como connosco, pais!

Mais uma vénia ao meu querido defunto que manteve sempre a calma e agiu como era preciso e soube passar-me tranquilidade nas horas mais aflitivas!

E já agora, um enorme obrigada a todas as pessoas que mandaram tantas mensagens e telefonemas a saber do Vicente!!!

Foi um grande susto que acabou como devia acabar! Bem!

11/10/2018

Vais amar-te e respeitar-te: O que é que eu lhe respondo?

Hoje é dia de iniciar mais uma crónica com questões enviadas por vocês.

O título da crónica é retirado do título do meu livro, precisamente porque aborda o assunto do Divórcio. Vais amar-te e respeitar-te.

Depois do divórcio é normal que surjam novas relações. Muito possivelmente já não estavas habituada a este tipo de conversa e ao princípio vais estranhar. É um misto de borboletas no estômago com a ansiedade de dizer a coisa certa na hora certa. No fundo o que procuras é agradar. E está certo! É bom agradarmos a outra pessoa. Mas até que ponto devemos pensar as coisas que queremos que agradem? É suposto criar ansiedade?

“O que é que lhe respondo?”
Perguntou-me ela depois de me mostrar uma mensagem que recebeu dele.

Eu, que sempre fui uma pessoa impulsiva e com o coração na boca, que nunca deixei nada por dizer, percebi logo que ali não havia nada para dizer.

Com o tempo, com a maturidade, com a experiência, vamos percebendo que é importante definirmos na nossa cabeça que tipo de relação queremos para nós. Vamos ganhando segurança. Mais importante que isso, vamos ganhando segurança nas nossas escolhas. Depois disso já não pensamos no que responder, respondemos o que nos apetece. Independentemente de agradar ao outro lado ou não. Se agradar, melhor! Se não agradar, azar! É porque não era para perder tempo ali.

Nós somos demasiado complicadas. Tentamos interpretar todas as palavras que eles escrevem, inclusive a pontuação. Achamos que eles são como nós e que cada uma daquelas palavras e daquelas vírgulas foram pensadas ao detalhe para nos passar determinada mensagem. A regra é: ler o que lá está! Eles não vão muito mais para além disso!!! Não é por serem menores, é porque descomplicam. Não perdem tempo!

Também é importante tirarmos as expectativas da nossa cabeça. São elas que nos lixam os planos. Achamos que eles vão reagir de determinada forma a determinados sinais. Fantasiamos coisas que muitas vezes não existem. Esperamos demasiado. É uma pena! Em vez de aproveitarmos o momento e saborearmos o bom que é essa fase de “interpretar as mensagens”, andamos com a tensão alta preocupadas em agradar, em dar a resposta certa, em ser tudo menos naturais e espontâneas. Se o objectivo é que eles gostem de nós, temos de ser o mais fiéis a nós próprias para não passarmos mensagens erradas.

Quando ele vos mandar uma mensagem, não pensem! Respondam! O que vos apetecer e o que sentirem. Se ele não corresponder, não vale a pena continuar a prolongar algo que não vai resultar. Se calhar estão a concentrar tanta atenção numa coisa que acabam por perder outra que está a passar ao lado!

E depois? Depois deixa andar! O que tiver de ser será!

09/10/2018

Pergunta à Educadora: Qual a idade ideal para entrar na creche?

Tal como prometido, hoje, 3.ª feira, é dia de crónica.

No “Pergunta à Educadora” de hoje vamos responder a uma questão que levanta sempre muitas dúvidas. Afinal de contas, qual a idade ideal para entrar na creche?

Há uma coisa importante que temos de ter em consideração! Quais as nossas possibilidades?

Podemos ficar com o nosso bebé em casa?
Temos uma avó disponível, com genica e cheia de vontade?
Temos uma empregada em casa a tempo inteiro?

Podendo ter o bebé connosco ou com uma avó (que não fica com o neto por obrigação) que tem disponibilidade para brincar e passear com o bebé, a resposta é óbvia! Fujam das creches!

Quanto mais tarde o bebé entrar, melhor! Quanto mais defesas o bebé tiver, melhor! Quando são muito pequeninos, com as defesas ainda em baixo, acabam por apanhar muitas doenças e viroses. Se pudermos proteger o bebé desses bicharocos, melhor!

Por muito cuidado que as educadoras tenham na creche, por muito carinho que lhe dêem, nunca é igual à atenção exclusiva que tem em casa com a mãe ou com a avó. Nunca é igual ao tempo que a mãe ou a avó lhe vão dedicar em exclusivo. Com os mimos no colo, as cantilenas ao ouvido, o olho-no-olho, a sesta em ambiente calmo e a hora da refeição sem outras crianças a chorar e a esperarem pela vez.

Vamos deixar o bebé com uma empregada em casa? Bom... A empregada também terá muito carinho para lhe dar. Mas provavelmente vai deixar o bebé na espreguiçadeira ou no parque para poder cumprir com as suas tarefas domésticas. Continua a ser positivo tendo em conta que o bebé continua com atenção exclusiva nos primeiros meses de vida e longe das viroses. Mas de certeza a senhora não vai ter disponibilidade para se sentar no chão a brincar ou ir ao parque com ele.

Na creche, mesmo em contacto com viroses e a ter de dividir as atenções com outros bebés, o ambiente é adequado ao seu desenvolvimento. A Educadora prepara actividades pedagógicas adaptadas à sua fase de desenvolvimento e o bebé está constantemente a ser estimulado de várias formas. Aprende desde cedo a socializar, é estimulado cognitivamente e ganha rotinas mais rígidas que também são muito importantes.

A partir dos 2 anos acho que será a idade ideal! A criança precisa de socializar com outras crianças e outros adultos de fora da família. Precisa de estímulos que são importantes para as suas aquisições e desenvolvimento e a creche poderá proporcionar isso de forma mais adequada.

O mais importante é desdramatizarmos! Se trabalhamos e não temos outra hipótese senão deixar o nosso bebé com meia dúzia de meses na creche, tudo bem! Ele será muito bem cuidado, receberá muito mimo e terá todas as ferramentas disponíveis para um bom desenvolvimento. O mimo da avó é melhor? Claro! E o da mãe? Sem dúvida! Mas infelizmente, não nos é sempre possível acompanhar os nossos bebés até aos 2 anos em casa.

Por isso, em jeito de conclusão, o ideal será aos dois anos. Se for antes disso por necessidade, tudo bem também!!!

Se o coração da mãe e do pai estiverem descansados com a sua escolha, seja ela qual for, o bebé terá segurança suficiente para ficar bem onde o deixarem!

04/10/2018

São 40 - 3

Normalmente adoro fazer anos. Normalmente não conto sequer os anos a passar. Não me importo de ganhar anos porque gosto de os viver.

Este ano estou com ganas de passar aos 37. Preciso de fechar os 36. Foram 12 meses duros, cheios, alucinantes. Passaram a voar mas custaram muito a passar.

Foi um ano de descontrolo emocional com altos demasiado altos e baixos demasiado (muito) baixos.

Foi um ano que não queria repetir apesar de ter trazido tantas coisas boas. Tenho a sensação que as coisas boas (óptimas) não compensaram as más. É injusto pensar assim. É injusto porque as oportunidades que a vida nos dá, nem sempre merecem ser manchadas com as agruras que por vezes passamos. Mas às vezes é mesmo assim. Nem sempre conseguimos ver só as coisas positivas. Por vezes temos de nos obrigar a fazê-lo! E termos a capacidade de nos obrigarmos a ver coisas positivas é um sinal de que ainda temos algum discernimento.

Gosto de saber que estou cada vez mais perto dos 40. Principalmente por me sentir ainda com 25.




Não espero muito da idade. Espero muito mais da vida! E mesmo assim, espero apenas o essencial. As pequenas coisas, aquelas que nos fazem sorrir. Sorrir, andar, respirar, olhar para a frente.

No outro dia uma amiga perguntava-me...

- E esse coração? Como anda?

Demorei a responder. Eu própria não me fazia essa pergunta há algum tempo. Ando sem tempo para análises. Ou a ocupar o tempo para fugir delas...

- Está em fase de acabamentos! O essencial das obras está feito! Acho que ando só a escolher a cor das cortinas e o papel de parede.

Ainda bem que ela perguntou! Assim pude perceber que está muito melhor do que me lembrava da última vez que olhei para ele.

Venham lá esses 37. Pode ser sem grandes emoções. As pequenas coisas da vida, tranquilas e seguras são suficientes. Se houver surpresas, que sejam das boas.


01/10/2018

E vão 10!

Passaram 10 anos.
Sem que eu sequer me desse conta. Sem sequer que eu alguma vez pensasse chegar até aqui.

Foi há 10 anos que resolvi abrir uma página online. Objectivo? Dar notícias nossas aos amigos que estavam longe sem ter de lhes encher as caixas de e-mail.

Era tão ingénua que não pensava sequer que alguém que eu não conhecesse pudesse sequer cá chegar.

Mas chegaram! E aos poucos chegaram cada vez mais. E aos poucos eu fui escrevendo cada vez menos sobre as nossas novidades e mais sobre tudo.

O gosto pela escrita cresceu! O blog passou por várias fases e acompanhou várias fases nossas.

Hoje, 10 anos depois, não foi só o blog que cresceu! Eu também cresci muito. Foi a vida que pediu! E vocês que assistiram, acompanharam, ajudaram, estiveram desse lado.

Entramos em Outubro com a imagem nova, mas as celebrações não vão ficar por aqui!

Tenho um presente brutal para vocês! (Doida para revelar)

Rúbricas novas, imagem nova, muitas coisas vão acontecer!


Só posso deixar-vos um enorme obrigada! Por tantos likes, comentários e partilhas. A algumas pessoas quero agradecer de forma especial por estarem aqui pertinho há tanto tempo!

É uma honra para mim! Saberem que não desistem de mim e não me deixarem desistir de vocês.

Não sei quanto tempo isto vai continuar. Enquanto me der praze! Cá estaremos. Espero que vocês também.

Um beijo gigante e não saiam daí!