Continuam-se a fazer camas todos os dias. A fazer refeições, a arrumar a cozinha. A pedir vinte vezes que não deixem os chinelos espalhados, que arrumem o quarto, que não excitem o cão, que não destruam o sofá, que parem de implicar um com o outro. A lavar e a estender roupa, a arrumar roupa, a tratar da casa.
Tenta-se inventar mil programas para os entreter, brinca-se aos cabeleireiros e aos bombeiros mesmo quando não apetece, porque sabe-se que assim eles ficam felizes e entretidos. (Silêncio!!!!!)
Quando se vive sozinho com os filhos, as horas de descanso (do bom) são apenas aquelas em que eles estão a dormir. Ou seja, depois do jantar. Entre as 9:00 e as 22:00, porque de férias deitam-se mais tarde, o dia é feito de reboliço. De barulho, de horas felizes, de horas de irritação, de abraços e de ralhetes. Não dá para fugires meia hora para ir comprar pão e beber um café na esquina.
De vez em quando foges para a casa de banho e finges que estás com uma tremenda prisão de ventre, só para ter um momento solitário de sossego e silêncio. Mesmo que os oiças na sala aos pulos e o cão a ladrar. Durante cinco minutos finges que não é nada contigo e que nem conheces aquelas pessoas. Respiras fundo, saia da casa-de-banho e voltas às tuas férias.
Durante três semanas sonhas com o dia em que o pai vem buscá-los para as ferias porque também tu precisas de férias. De renovar energias, de dormir na praia, de não fazer almoço e de deixar a cama com as orelhas para trás.
O pai vem buscá-los. E passados cinco minutos já achas que o silêncio e a ordem da casa são ensurdecedores. O quarto está arrumado. A sala está impecável, não há 5 copos de água abandonados na cozinha e até o cão está adormecido num canto da varanda.
Cinco minutos. Cinco minutos foram suficientes para sentires falta. Que cabeça louca que não sabe o que quer.
Mas eles saíram felizes! Quase não dormiram de ansiedade. Andavam a contar os dias. Estavam impecáveis à espera do pai, como se fossem para uma festa.
E tu, tentas envolver o silêncio ensurdecedor da casa nas gargalhadas que eles davam à saída. Pensas que precisavas tanto deste silêncio como eles precisavam do pai. Pensas que nos próximos dias vais renovar-te. E quando eles chegarem, depois de matares as saudades, vais voltar a poder mandar arrumar sapatos, a pedir para não gastarem um copo lavado de cada vez que querem beber água e a suplicar para não excitarem o cão dentro de casa.
Até lá, sê forte e aproveita!
6 comentários:
Em cheio.
Ainda estao a descer as escadas e uma ja sente falta
Igual por aqui...
E quando crescerem ainda mais e as férias em casa forem ainda mais pequeninas e já pudermos ir a todo lado porque às vezes não está ninguém em casa, ou já ficam sozinhos. Ai,ai é que bate a saudade e o silêncio tanto tempo desejado passa a ser um empecilho 😊.
Melhor não diria ')
Hoje por aqui também foi o dia...
deve ser muito dificil...força!
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