28/08/2016

E de repente tudo se alinhou outra vez!

A televisão esteve uma semana sintonizada na Smooth FM, as almofadas do sofá alinhadas, a cozinha ao ritmo lento de comidas leves a horas completamente desfasadas da rotina.



De repente, tudo se alinhou numa harmonia perfeita. Com barulho a vir do quarto deles. A televisão com o som de desenhos animados. O cheiro e a voz deles espalham-se no ar entre os relatos das férias e os pedidos para o almoço. 

Não consigo dizer muito. Apenas olhar para eles. Analisar cada palavra e cada melena de cabelo como se estivesse no Louvre a admirar obras de arte ao som de uma Orquestra Sinfónica. 

De repente, tudo se alinhou. Tudo se harmonizou. A casa ficou completa e o meu coração voltou a bater no compasso certo. 

25/08/2016

Uma história de um Amor impossível!



O meu cão tem ímpetos sexuais em relação à minha pessoa. Mais concretamente à minha perna. O que eu entendo perfeitamente porque eu sou extremamente irresistível. Principalmente ao nível da perna direita. Que é a que ele mais gosta. 
Mas já lhe expliquei que não é possível consumar essa relação. Primeiro porque eu não me relaciono com menores, segundo porque homens que brincam com ó-ós-cor-de-coral-com-estrelas-brancas não fazem o meu género. Além de que ele não cumpre os requisitos de altura. 
Ainda assim ele insiste. 

Mais um que sofrer de amor nesta casa. 

#estamosdestinados

24/08/2016

Material Escolar - Como sobreviver?

O Mundo tem vários predadores de várias espécies. Toda a gente sabe que os piores e mais perigosos predadores do Mundo são fêmeas com crias por perto. Os seus habitats naturais não passam apenas pela savana ou oceanos profundos. Aliás, as mais perigosas não têm origem nesses ambientes, mas sim em:
. PARQUES INFANTIS
. FILAS PARA OFERECEREM COISAS 
. HIPERMERCADOS COM O REGRESSO ÀS AULAS OU PROMOÇÕES DE BRINQUEDOS

Toda a gente sabe que as crianças precisam do material escolar, logo, não temos outra solução, senão dar o corpinho ao manifesto no hipermercado mais próximo. E seja o que Deus quiser! 

Vou dar-vos algumas dicas para sobreviverem sem arranhões a esta efeméride anual. 

1. A que horas ir? 
Ora bem, quais as horas em que os predadores mortais estão enfiados na toca? À noite! Pois então, se não queres ser comida por aquela tipa que lançou o olhar ao último estojo do Spiderman e que te olha com baba a cair da boca, olhos esbugalhados e dentes de fora para ver quem fica com ele, o melhor é ires à hora do jantar. A essa hora, as predadoras estão em casa a alimentar as crias e já não saem mais porque constipa. 

2. Ir com filhos. Sim? Ou não?
Ora bem! Isso vai depender de ti e dos teus filhos. Consegues controlar as feras relativamente aos ímpetos consumistas quando virem lancheiras cheias glitter da Luna VS poder de compra da mamã? 
Então é assim! Podes ter uma conversa com eles antes de saírem de casa. Explicar que vão comprar o essencial e não a colecção inteira da Dory. Que a mãe adorava oferecer-lhes tudo o que eles queriam, mas que infelizmente o Euromilhões ainda não caiu lá em casa. E por isso, quando quiserem escolher alguma coisa, a mãe escolhe primeiro dois ou três itens e eles baseiam-se nessa oferta. Ou então fazem um jogo super divertido e lúdico de ver quem descobre o preço de valor mais baixo. 
É importante terem esta conversa antes!!! As feiras de Regresso às Aulas estão criteriosamente estudadas pelos senhores dos hipermercados para puxarem ao consumismo das crianças. E dos pais também! Por isso, qualquer conversa que tenham durante as compras, não entra na cabeça deles. E possivelmente nem na vossa, que acabam por ceder só para não haver mais discussões. Assim, a informação ficou lá e basta ir relembrando ao longo das compras. 
Eu, por exemplo, sabia que não ia estar com os filhos, por isso, dei-lhes o folheto que deixaram na nossa caixa do correio para as mãos e perguntei o que gostavam mesmo de ter para a escola. Que fosse importante e fizesse falta. Ambos escolheram as lancheiras que gostavam. Depois fui sozinha e trouxe o que achei melhor e sem discussões. 

3. A lista das compras!
Não se armem em modernas como eu por favor!!! 
- Ah, afinal de contas tenho um telefone inteligente do século XXI para quê? Vou fazer um printscreen (que os telefones inteligentes só funcionam com estrangeirismos) da lista e vou vendo no supermercado! 
Pois sim! Bela ideia!! Not!!! Primeiro, tive de estar constantemente a fazer zoom da imagem para conseguir ler as letras microscópicas, depois não dá para riscar as coisas que já enfiámos no carrinho e por isso tive de estar a ler e a confirmar vinte vezes. Nada como aderir ao vintage! Papel impresso ou escrito à mão e uma bic (de tampa roída) para ir riscando o que já temos. Tinha demorado menos 1/3 do tempo que demorei de certeza. 

4. Marcas VS Marcas Brancas
A minha filha vai para o 3º ano. No 1º ano, comprei quase tudo marca branca e fiquei super orgulhosa da minha poupança! Treta! As coisas gastam-se muito mais depressa. Os bicos dos lápis partem-se! As canetas de feltro, em Dezembro, já só pintam em tons pastel. (Além de que, no 1º ano eles ficam excitados com os afias (aguças na minha terra) e os lápis de carvão só duram uma semana.)
O que é que eu faço hoje em dia? Marca branca apenas para o material que não seja de desgaste (menos papel). Vejamos: canetas, lápis, colas, esferográficas, borrachas, etc, compro de marca. Réguas, tesouras, papel, estojos, etc, compro de marca branca. Temos de ter atenção pois há promoções que compensam trazer de marca! Nem sempre os produtos de marca branca são mais baratos. Eu examino os preços todos e comparo quantidades, preço e qualidade. 

5. Reaproveitamento de material. 
SIM! Sempre que possível! As mochilas por exemplo. Já comprei mochilas de 5€ que duraram 2 meses. Pensem que as mochilas andam no chão, são atiradas para os cantos, pisadas, etc. É preferível comprar uma boa mochila (acreditem que é um investimento) que, além de não se estragar tão facilmente, dura mais tempo e não lhes faz tão mal às costas. 
Réguas, tesouras, estojos, apara-lápis são materiais que dá perfeitamente para aproveitar de ano para ano. A régua está baça e feia! Ai está? Mas está inteira, não está? Dá para medir, não dá? Passa-se um algodão com álcool e fica nova!!! Reutilizar material não só nos ajuda a poupar uns valentes euros na conta final como lhes incute valores de respeito, poupança e cuidado com as suas coisas. 

Resta-me desejar-vos boas compras e boa sobrevivência! 

(Eu confesso que adoro esta altura do ano e o cheiro das coisas novas.)

22/08/2016

Desafio: Trocar desejos por conquistas

Bem sei que para a maior parte das pessoas, a mudança de ano é registada no dia 31 de Dezembro. 
Champagne, roupa bonita, 12 passas na mão e 12 desejos. 
Desejos esses que muitas vezes não se realizam. E metade, quando chegas a Março já nem sabes o que pediste. 

Eu acho que a rentrée das férias grandes é uma segunda e óptima oportunidade que temos para fazer balanços. 
Por norma, os balanços servem para pormos a vida em perspectiva. E isso permite-nos agradecer e fortalecer as coisas boas e tentar corrigir as menos boas. Perceber erros. Causas, efeitos. 

Que tal pensarmos em apenas uma coisa que gostaríamos de fazer melhor?

Uma apenas. Não sejamos ambiciosos. Sejamos apenas realistas e concretos. Mas uma que seja importante. Não importa o tamanho. Importa a importância. Escreve num papel e guarda na gaveta das cuecas. (Também podes guardar na gaveta dos talheres, só estava a dar um exemplo!) 
Quando chegar outra vez o dia de pores a roupa bonita para beber champagne e comer uvas passas, vai buscar o papel e vê o que conseguiste. O que mudaste para chegar lá. Se conseguiste alcançar, mudar, melhorar, superar. 

Estava aqui a pensar melhor... Se calhar, em vez de pedirmos 12 desejos uma vez por ano e ficarmos à espera que algo aconteça, devíamos fazer balanços de 4 em 4 meses e traçar apenas um objectivo que consigamos alcançar. 

Isso já daria 3 boas conquistas por ano. Bem melhor que 12 desejos falhados entregues ao destino. 

21/08/2016

# Mãe solteira pode

Quem tem filhos sabe perfeitamente que férias não significam propriamente descanso. A menos que entreguemos as crianças às mãos de uma babysitter para conseguirmos alguns momentos de descanso (do bom!). Não é o caso por aqui. 

Continuam-se a fazer camas todos os dias. A fazer refeições, a arrumar a cozinha. A pedir vinte vezes que não deixem os chinelos espalhados, que arrumem o quarto, que não excitem o cão, que não destruam o sofá, que parem de implicar um com o outro. A lavar e a estender roupa, a arrumar roupa, a tratar da casa. 
Tenta-se inventar mil programas para os entreter, brinca-se aos cabeleireiros e aos bombeiros mesmo quando não apetece, porque sabe-se que assim eles ficam felizes e entretidos. (Silêncio!!!!!) 

Quando se vive sozinho com os filhos, as horas de descanso (do bom) são apenas aquelas em que eles estão a dormir. Ou seja, depois do jantar. Entre as 9:00 e as 22:00, porque de férias deitam-se mais tarde, o dia é feito de reboliço. De barulho, de horas felizes, de horas de irritação, de abraços e de ralhetes. Não dá para fugires meia hora para ir comprar pão e beber um café na esquina. 

De vez em quando foges para a casa de banho e finges que estás com uma tremenda prisão de ventre, só para ter um momento solitário de sossego e silêncio. Mesmo que os oiças na sala aos pulos e o cão a ladrar. Durante cinco minutos finges que não é nada contigo e que nem conheces aquelas pessoas. Respiras fundo, saia da casa-de-banho e voltas às tuas férias. 

Durante três semanas sonhas com o dia em que o pai vem buscá-los para as ferias porque também tu precisas de férias. De renovar energias, de dormir na praia, de não fazer almoço e de deixar a cama com as orelhas para trás. 

O pai vem buscá-los. E passados cinco minutos já achas que o silêncio e a ordem da casa são ensurdecedores. O quarto está arrumado. A sala está impecável, não há 5 copos de água  abandonados na cozinha e até o cão está adormecido num canto da varanda. 

Cinco minutos. Cinco minutos foram suficientes para sentires falta. Que cabeça louca que não sabe o que quer. 

Mas eles saíram felizes! Quase não dormiram de ansiedade. Andavam a contar os dias. Estavam impecáveis à espera do pai, como se fossem para uma festa. 

E tu, tentas envolver o silêncio ensurdecedor da casa nas gargalhadas que eles davam à saída. Pensas que precisavas tanto deste silêncio como eles precisavam do pai. Pensas que nos próximos dias vais renovar-te. E quando eles chegarem, depois de matares as saudades, vais voltar a poder mandar arrumar sapatos, a pedir para não gastarem um copo lavado de cada vez que querem beber água e a suplicar para não excitarem o cão dentro de casa. 

Até lá, sê forte e aproveita! 

19/08/2016

Sobre o menino sírio em estado de choque.

Quase toda a gente partilhou a fotografia dele. É fácil sentirmo-nos emocionados com uma criança. E choca ver uma criança daquele tamanho sem verter uma lágrima. Completamente em estado de choque. Infelizmente, aquele menino não é o único ali (e noutros locais do Mundo) a sofrer com a guerra, com a morte, com a fome, com a desumanidade.  
Aquele menino estava simplesmente, perto de jornalistas. 
Além da fotografia que vi a circular, vi também um vídeo onde um dos socorristas o colocava dentro da ambulância. E isso incomodou-me mais ainda. Ver aqueles jornalistas oportunistas. Que, ao ver uma situação que sabiam que ia tornar-se viral e emocionar o Mundo, se aproveitaram. 
Uma chuva de flashes em cima da criança. Um monte de animais a atropelarem-se para fotografar a desgraça que não era deles. Mas que era uma desgraça comercial! Porque era uma criança. Porque estava coberta de sangue. Porque estava miserável. Porque não chorava. 
Se calhar é porque sou mãe, se calhar é porque tenho um filho da mesma idade, se calhar também é porque não ganho a vida a vender desgraças. Mas chocou-me não haver um único jornalista que largasse  a merda da máquina para lhe dar colo, para lhe dar um abraço, para o proteger dos vilões. Para lhe dizer que iam cuidar dele, que o iam proteger. No fundo para lhe dar o básico que uma criança precisa num momento de pânico. Colo, protecção, confiança.
Não imagino o que aquela criança terá presenciado na sua vida. Bem mais do que alguma vez, a maior parte de nós vão presenciar. Ou sequer imaginar que existe! Mas amor e colo, são necessidades básicas. Não um monte de flashes e de olhares sequiosos de desgraças. 
A guerra e a miséria revoltam-me! Mas isso é normal! Todos nós ficamos revoltados com situações que nos causam pânico. Mas também me revolta o oportunismo gerado a partir da desgraça dos outros. 
Espero que aquele menino tenha tido direito a um bom banho nessa noite, a beber um leite quentinho no colo de alguém que goste dele e direito a adormecer numa cama com lençóis lavados enquanto alguém se abraçava a ele. Se calhar não... 

14/08/2016

As zonas VIP

90% das pessoas que estão de férias lá por baixo frequentam as zonas VIP das discotecas Algarvias. 
Como é que eu sei disso? Não, não estava lá a ver. Eles disseram-me! Porque em cada foto partilhada, existe o cuidado de colocar na localização: zona VIP. 
É uma pena o Instagram e o Facebook não deixarem escrever a Negrito/Bold, porque esse detalhe merecia destaque.

Na minha opinião, acho isso super-bom-mesmo! Acaba por ser uma forma de tranquilizar as pessoas. Se estão na zona VIP é porque estão a salvo, num patamar 3 degraus acima da ralé ou separados por um bar da monstruosa e perigosa sociedade. E eu acho isso importante! Até porque os nossos pais não andaram a educar-nos para depois haver misturas.
E depois eu acho que isso dá swag! (Apesar de eu ainda não saber exactamente o que isso significa) Mas ser da zona VIP dá swag de certeza. É um bocado como ser da zona J, mas ao contrário. Há um sentimento de pertença. Sabem que ali são todos iguais porque são amigos de, pelo menos um, dos 739 relações públicas que lhes conseguiram um jeitinho para passar pelo gorilão vestido de preto que guardava a passagem sagrada. E isso é bué importante! Depois há ali um código, uma cumplicidade. Quase um acenar de cabeça secreto entre todos porque afinal pertencem todos ao mesmo nível. Quase como uma maçonaria. 
- Se estás aqui é porque és um dos meus! E por isso vou tratar-te bem! 

Só não percebo porque é que este fenómeno só existe no Algarve. Ou se as pessoas têm mais swag no Verão do que no Inverno. Bem sei que a pele queimada e desnuda dá muito mais pintarola. Mas em Lisboa (e acredito que no Porto seja igual) a zona VIP das discotecas nunca foi sinal de Very Importante People, apenas sinal de seres bué conhecido do gorilão sagrado! 


12/08/2016

Os super-poderes das mães!

Os nossos filhos são uns crentes! Bem-ditos! E crêem que nós temos super-poderes extraordinários. Como se ser possuidor de super-poderes, não fosse já por si super extraordinário!! 
E apresentam-nos os seus maiores dramas e preocupações, na expectativa de verem a situação imediatamente resolvida!!! 

- Oh mãe! Tenho fome! 
- Estamos quase a chegar! Aguenta só mais 10 minutos!
- Não consigoooooo!!!! (Tom de agonia!)

Aqui eles apelam ao super-poder das artes mágicas! 
- Não consegues? Ok! Então espera aí que eu vou dizer as palavras mágicas e quando abrir o porta-luvas, vai lá estar uma mega taça de chocapic com leite, três torradas e um Big Mac! 

- Mãe, a areia está muito quente! 
- Pois está! Mas estamos quase a chegar! 
- Mas está a ferverrrrr! 

Apelando o super-poder do Arrefecimento Global! 
- Ok! Então desvia-te só um bocadinho para eu poder fazer o meu super-sopro mega-gélido e arrefecer a areia toda da praia! 

- Mãe, tenho o sol a bater-me na cara! 
- Pois... Tapa a cara com as mãos, ali à frente já há árvores a tapar o sol. 
- Mas eu não consigo abrir os olhosssss! 

Accionando o comando do vôo mega-sónico! 
- Ok! Deixa-me só parar aqui o carro, que eu vou ali num instante desviar o sol!

- Mãe, quero ir fazer xixi. 
- Aguenta só um bocadinho que vamos já pagar. 
- Mas eu estou muito aflitinhooooo!!! 

Mega-poder da construção civil em acção! 
- Ok! Dois segundos que eu vou construir uma retrete aqui no meio do corredor dos congelados só para ti! 

Fora as magias que fazemos diariamente, com gestão de horários, gestão de stocks, gestão emocional logística e aprovisionamento!

E assim vamos gerindo os dramas da vida dos nossos filhos! Entre uma varinha de condão, um vôo mega-sónico e um a pilha de roupa para lavar! 

07/08/2016

É tudo uma questão de maturidade!

Adorava ser daquelas pessoas que se sentam numa esplanada e acenam ao empregado:
- Era uma água com gás por favor! 

Só pessoas com um elevado nível de maturidade o fazem! Eu, apesar de estar a escassos meses de completar os 35 anos, ainda continuo a não gostar de bebidas com picos. Não aprecio bebidas com gás, para ser mais crescida! 

Isso e passar por cima de poças de água com o carro para ver a água a voar. É algo que continuo a não conseguir controlar. E os meus filhos agradecem! Porque nestas alturas temos mais ou menos o mesmo nível de maturidade! Às vezes eles têm mais! 
- Oh mãe, tenha cuidado para não molhar ninguém! 

Não faço ideia com que idade é que adquirimos maturidade suficiente para beber água com gás numa esplanada. Tenho para mim (adoro esta expressão super assertiva!) que nem lá para os 90 isso vai acontecer! 

01/08/2016

Recordações (minhas) dos anos 80!

Ontem vi o fim do último episódio do Duarte e Companhia na RTP Memória. 
Estava a meio de um zapping e fiquei ali colada ao ecrã. Numa viagem no tempo! 



De repente vi-me quanto tinha 6 ou 7 anos e estava à frente de uma televisão que nem comando tinha, a ver aquela série completamente apavorada mas sem conseguir tirar os olhos. Era a atracção do abismo! Provavelmente não ia conseguir dormir a seguir, mas não conseguia deixar de ver. 

Fiquei por momentos presa àquelas memórias. A lembrar-me do que eram os anos 80. Do que era viver no Porto nos anos 80. 

Os miúdos hoje em dia vivem dentro da informação. Numa velocidade vertiginosa de informação através da televisão, da Internet. Alguma coisa que se passe do outro lado do Mundo, sabe-se em minutos do lado de cá. Entre Lisboa e Porto é uma questão de segundos! E 3 horas de caminho pela auto-estrada. 

Naquele tempo não era assim! Quando o meu pai dizia que íamos passar um fim‑de‑semana a Lisboa, revirávamos os olhos a bufar! Não era Lisboa que nos desmotivava, eram as 6 horas intermináveis que íamos passar dentro do carro! Sem ar condicionado, tablets ou música porque as rádios não funcionavam sempre ao longo do caminho. 

O Porto era na altura muito pequenino! A nossa vida não passava muito da Foz. Ir à baixa já era uma viagem. Lisboa parecia-me naquela época, pelo menos a mim que era uma criança, uma cidade longínqua, futurista e cosmopolita com um reboliço um bocado exagerado. Eu vinha quase da aldeia de tão pequeno que o Porto era. 



Na verdade, para mim, Lisboa era o Duarte e Companhia, as Palavras Cruzadas e a Passerelle (a novela, não a casa de dançarinas exóticas!) por isso, para mim, não passava muito de criminosos de pistolas em punho, gordinhos dentro de 2cv encarnados, pessoas super bem (com uma pronúncia estranha [tipo Manuela Marle]) que viviam nas Amoreiras e casais que se traíam e divorciavam. (Não havia divórcios no Porto! Ainda hoje tenho ideia de haver muito menos e não sei porquê eu achava que era uma coisa normal em Lisboa [na volta devia ter-me casado com um gajo do Porto!])



É impressionante como os tempos mudaram! E felizmente a minha percepção das coisas também! 
O Porto é gigantesco hoje em dia. E até me sinto uma outsider quando lá vou. Lisboa não é tão perigosa como eu imaginava. (Ufa! Afinal o Átila e o Rocha não estão escondidos em cada esquina) É uma cidade linda que tem muito mais, tão mais do que as Amoreiras! E até se vê famílias felizes! (Imagina!)

A viagem é hoje em dia muito mais fácil e  a globalização de informação permitiu que as pessoas ficassem muito mais próximas! Tenho a certeza que as crianças deste século já vieram muito mais vezes a Lisboa do que eu vinha na altura e a era moderna em que vivemos aproxima muito mais as pessoas. As culturas. Os hábitos. E, para bem de todos, a percepção que se tem das coisas.  

Balanço das férias!

Estive 11 meses à espera disto! 
Está a ser maravilhoso! Tal e qual como sonhei e planeei. 
Ao 3º dia de férias, não há um tapete ou edredon por lavar. Não há um grão de pó. Não há uma peça de roupa fora da prateleira ou gaveta. 
Já apanhei as cacas do cão. Já fui anti-pedagógica com os meus filhos. 
Sentei o rabo no sofá cerca de 3 horas, repartidas, claro. Comi um gelado. Fiz 10 refeições, arrumei a cozinha o número equivalente de vezes. Fiquei amiga do senhor da lavandaria e deitei cerca de 10kgs de entulho no lixo. (É impressionante as coisas que se acumulam dentro de uma casa de uma estação para a outra.)

Posto isto, estou a desfrutar bastante destas férias tão desejadas!!! 
Agora só precisava era de umas férias para descansar destes primeiros 3 dias de férias! (E de uma empregada! E de uma Babysitter!)