28/06/2018

Um problema que é mais comum do que se imagina!




Felizmente, enquanto Mãe, nunca passei por isto. Os meus filhos sempre foram muito certos na hora de fazer cocó.





Mas enquanto Educadora, sempre tive crianças que precisavam de ajuda. Este ano, ainda mais, por serem bem mais pequeninos.

Escuto com atenção as preocupações das Mães, em alguns casos as preocupações são bem grandes. Tento ajudá-las na medida do possível. Mas nem sempre tenho os conhecimentos suficientes para o fazer.

A prisão de ventre nem sempre é fisiológica. Muitas vezes torna-se um ciclo vicioso1. Como um novelo que se forma dentro das suas cabeças e que os bloqueia.

A dor é um dos motivos! Há várias causas que levam à prisão de ventre. Questões emocionais, stress, o facto de estarem fora do seu ambiente, as mudanças de dieta...

Isso faz com que a criança associe a dor ao acto de fazer cocó e por isso fica com medo de ir à casa-de-banho e tenta prender. Ao prender, faz com que o cocó fique bastante mais duro tornando a ida à retrete bastante dolorosa.

E o ciclo vai girando! Dor, medo, retenção, dor!

A criança fica ansiosa porque não consegue e os pais ficam ansiosos porque não sabem, muitas vezes, como ajudar.

Mas há formas de dar a volta à questão!

Através da alimentação com um maior consumo de água e de fibras. Criando rotinas, como ir com a criança à casa-de-banho cerca de 20 minutos após as refeições. Ajudar a criança a sentar-se confortavelmente na retrete, com os pés bem assentes e com a ajuda de um banco para as pernas ficarem na posição ideal (para lhe dar segurança) e confortando a criança de forma positiva pode ajudar2.

Quando aparece a prisão de ventre, pode acontecer ver a fralda ou as cuecas da criança sujas devido a fugas involuntárias. É extremamente importante não ralhar com a criança quando isso acontece para não aumentar a ansiedade dela.

Quando tudo isto não resolve, é preciso recorrer a produtos que ajudem a amolecer o cocó da criança facilitando a ida à casa-de-banho. Como por exemplo o DULCOSOFT® líquido (solução oral 250ml) que pode ser tomado por crianças a partir dos 2 anos de idade.
E sabem qual é a grande vantagem do DULCOSOFT®? É o seu sabor neutro. Pode ser misturado num sumo, no leite, na sopa ou em água e a criança não sente. E também é adequado para diabéticos e celíacos pois a sua composição não tem glúten nem açúcar.
Existe ainda a opção DULCOSOFT® em saquetas (pó para solução oral 10gr, 20 saquetas) que pode ser tomado por crianças a partir dos 8 anos de idade.

Podem saber mais sobre o DULCOSOFT® aqui!

DULCOSOFT® Pó para Solução Oral e DULCOSOFT® Solução Oral são dispositivos médicos para amolecer as fezes duras e secas e facilitar a evacuação. A administração a grávidas e crianças com menos de 8 anos deve ser preferencialmente supervisionada por um profissional de saúde. DULCOSOFT® não deve ser tomado durante mais de 28 dias. Não tome DULCOSOFT® no caso de alergia ao macrogol 4000 ou a qualquer outro ingrediente, se tiver alguma doença intestinal inflamatória grave ou megacólon tóxico, perfuração digestiva ou risco de perfuração digestiva, íleus, suspeita de obstrução intestinal, estenose sintomática ou síndromes abdominais dolorosas de causa indeterminada. Leia com atenção a rotulagem e instruções de utilização. (5.0) [SAPT.DULC8.18.05.0329b].


1 Nadeem A Afzal, et al. Constipation in children. Ital J Pediatr. 2011; 37: 28. 
2 Nurko S., et al, Evaluation and Treatment of Constipation in Children and Adolescents. Am Fam Physician. 2014 Jul 15;90(2):82-90.

18/06/2018

Quanto pior mãe sou, mais contente fico!

Avisei claramente antes de entrar no supermercado!

- Vamos ao supermercado! Estão desde já informados que vou comprar coisas que preciso. Escusam de pedir o que quer que seja.

Mas isto foi dentro do carro. Toda a gente sabe que os avisos são guardados naquela caixinha sem fundo, lá naquela parte do cérebro, mal passamos a porta do supermercado.

Cromos para a caderneta, um cachecol de Portugal, uma bola de futebol, iogurtes com smarties, bolachas com pepitas de chocolate... Perdi o fio à meada... Não só pediu coisas (ele, claro! Ela já sabe que nem vale a pena) como pediu coisas de extrema importância para a sua sobrevivência!

- Vais continuar a pedir? Ou ainda não percebeste que vais levar um não a cada pedido que fizeres?
- A mãe nunca nos compra nada! NUNCA!
- Tens toda a razão! Tens uma mãe horrosa! Não há problema nenhum porque vamos já tratar de te arranjar uma mãe muito melhor! Olha! Aquela senhora tem um ar simpático! Vai lá pedir-lhe! Tenho a certeza que te compra tudo o que precisas.
- Mãe...
- Estou a falar a sério! Não mereces uma mãe como eu! Não vais lá tu, vou lá eu! Olhe!!! Desculpe!!! A senhora quer ser mãe do meu filho?

Amuou... Não foi a senhora! Foi ele mesmo. Mas a verdade é que não pediu mais nada até acabarmos as compras.

Chegámos a casa! Calor infernal. (Mas em bom! Não me queixo! Venha o calor! Onde estava ele?) Fomos passear o Darcy. O jantar já estava previsto e eu até já lhes tinha dito que iam para o banho mal chegássemos a casa. De repente mudei de ideias.

- Mãe, pode ser a Gigi a tomar banho primeiro?
- Não! Vão vestir os fatos-de-banho!
- Hã?
- Rápido! Vão vestir os fatos-de-banho!

Fui a voar para a cozinha! Voltei a guardar os bifes de frango no frigorífico! Ovos mexidos, bacon, pão! Uns sumos, uma garrafa de água e um café dentro de um frasco de geleia. Enfiei o fato-de-banho e arranquei-os de casa.




Eram 20:00 quando chegámos à praia. A maior parte das pessoas estavam de saída. Dois casais, uns jogadores de vólei, as palmeiras, os barcos e nós! Tão bom!

Adoro estes programas organizados em cima do joelho! Falava eu em aceitação ontem... Sim! Aceitar o fim de dia maravilhoso que nos é oferecido e arrancar para a praia com uma sanduíche debaixo do braço. Mesmo em dia de aulas. Se morrer amanhã, estas memórias já ninguém lhes tira.

Jogaram à bola, comeram com as mãos, deram mergulhos até as luzes da vila se acenderem. Saímos já de noite e só porque havia aulas no dia seguinte.

Criar-lhes memórias. É tudo o que mais me interessa! Mesmo que, daqui a muitos anos eles se lembrem que a mãe não lhes comprava tudo o que pediam, pelo menos também se vão lembrar que a mãe os levava a jantar na praia. Em dias de aulas. E a dar mergulhos quando as luzes da Vila já estavam acesas.








Aceitar não é desistir

Tomei o pequeno-almoço com uma amiga. Pusemos dois meses de conversa em dia. Eu tenho sido uma péssima amiga ultimamente... O Livro consumiu todo o meu tempo e energia nos últimos meses! Agora estou a tentar compensar as pessoas pela minha ausência. A física e a emocional.

Falámos das nossas vidas e contámos as últimas novidades. A dada altura ela fazia mil planos para o futuro. Desejou-me mil coisas boas para os próximos tempos e perguntou-me quais eram os meus planos.

Fiquei em silêncio. Primeiro a olhar para ela, depois a olhar para o céu em busca de ideias e pensamentos. De desejos.

- Olha... Não penso nisso! Estou finalmente numa fase de aceitação.
- Como assim?

A verdade é que não sei muito bem como explicar! O último ano da minha vida foi uma montanha russa. Em todas as vertentes que a vida nos oferece! Estive em cima e em baixo. Subi tão depressa como desci. Não tive muito tempo sequer para pensar nas coisas.

Agora que as coisas acalmaram finalmente, percebi que estou numa altura de aceitação. Aceitar aquilo que a vida me oferece. E isso não é necessariamente desistir de nada! É não fazer planos para os próximos tempos. É aproveitar cada momento no instante em que ele acontece. É absorver as coisas à medida que vão surgindo. Dando mais tempo para as ver chegar, para as agradecer, para as viver.

Planos? Sim! Tenho vários. Mas não olho para o fim da estrada à procura deles. Apenas sei que um dia vão chegar. E vou tranquilamente aproveitar o caminho. Aproveitar as pessoas que estão ao meu lado. Aproveitar o meu trabalho. Aproveitar as coisas que vão surgindo. Aceitar aquilo que o Universo me oferece de braços abertos sem esperar mais do que aquilo que me é confiado.

Quando aceitamos aquilo que nos é oferecido sem esperarmos não há desilusões. Há apenas gratidão. Não há ansiedade para ver quando vem mais ou porque veio menos. Há apenas tempo para abrir as mãos, agarrar e viver.

Aceitar era algo que já não fazia há muito tempo! E era também algo que precisava voltar a fazer.

Viver com ansiedade para ver, com angústia de não receber ou com a desilusão de não ter na medida que achamos que devíamos é muito desgastante.

Por isso a nova palavra de ordem é aceitar! E depois? Depois logo se vê o que a Vida traz!

17/06/2018

Porque é que nunca me explicaram assim?

Ontem estive numa formação sobre os Touchpoints do Dr Brazelton. (Aquele super mega guru da pediatria mundial)

Basicamente, e muito resumidamente, estive a tentar perceber melhor como funciona a cabeça de um bebé e o seu desenvolvimento.

A dada altura falou-se das cólicas. Há milhões de teorias sobre a fase das cólicas nos recém-nascidos. Há milhões de teorias que tentam explicar a razão de existirem. Sejam elas quais forem, há tantos outros milhões de mães a sofrer com as mesmas. Seja porque o bebé berra uma noite seguida, seja porque o bebé chega ali às 18:00 e, sem ninguém entender porquê, começa aos berros durante horas seguidas. As mães sofrem com o sofrimento deles, mas também sofrem de cansaço e de desespero.

Quem estava a dar a formação era a Prof. Ana Teresa Brito. Minha professora e orientadora de estágio na faculdade. (Há muitos anos... Mas não interessa agora contá-los!) Além de ser das pessoas mais humanas e generosas que conheço, também é das pessoas que mais sabe sobre a 1ª Infância neste país. A sua explicação para as cólicas foi a explicação mais simples que já ouvi na vida! Talvez a que faça mais sentido! E, se me tivessem dado esta explicação quando os meus filhos tiveram cólicas, talvez eu tivesse tido muito mais empatia com a dor deles. E essa empatia teria gerado muito mais compreensão e menos cansaço em mim, que desesperei a cuidar deles!

Um bebé passou 9 meses dentro da barriga da mãe. Passou 9 meses a uma temperatura mais ou menos estável, em meio aquático, a ser alimentado constantemente pelo cordão umbilical, protegido da luz, do ruído, do frio, do calor, de todos os estímulos existentes neste Mundo.

De repente o bebé sai da barriga da mãe! Puf! Está fora do meio aquático. Tem de habituar o seu corpo e a sua pele ao ar. Tem de gerir as diferenças de temperatura, a fome, o sono, o colo da avó, dos irmãos, dos pais, das vizinhas. Tem de gerir o barulho das vozes de todas as outras pessoas (e toda a gente esganiça a voz para falar com eles, coitados!). O barulho da televisão, do trânsito. A luz do dia e o escuro da noite. Tem de gerir o seu corpo a funcionar de forma diferente. Porque agora respira, engole, faz cocó e xixi. O bebé tem de gerir todo o que lhe é apresentado nesta nova vida e tudo o que lhe acontece por dentro e por fora!

Já pensaram no stress que causa a cada bebé? A pressão pela qual o bebé passa?

Imaginem atirar-nos para dentro de uma empresa. Primeiro dia de trabalho. Ter 100 pessoas que querem vir cumprimentar o novo colega, a despejarem os seus nomes para cima de nós (que não conseguimos decorar nem um) a despejarem toda a informação de como funciona cada departamento e onde podemos encontrar tudo o que precisamos. Agora imaginem que tudo isto acontecia numa cidade nova, numa língua que nem sequer é a nossa! E ao fim do dia nem sequer sabíamos bem qual o caminho para voltar para casa.

Já pensaram na tremenda dor de barriga que sentiríamos com a ansiedade? E a tremenda dor de cabeça que iríamos ter no final do dia! Mais o cansaço do corpo e da cabeça por toda a informação que tivemos de reter ao mesmo tempo!

Se nós adultos íamos querer um analgésico, com um copo de vinho e um sofá em silêncio depois de 8h disto! Imaginem os bebés aos fim de 3 semanas. Após aterrarem na nova família, na nova vida, no novo Mundo!

Eu juro que, depois de ouvir esta explicação, me apeteceu ir abraçar os meus filhos e pedir-lhes desculpa por todas as vezes que desesperei com o choro deles! E pelas vezes que me apeteceu atirá-los pela janela porque já não conseguia ouvir os berros! Porque é que não me deram esta perspectiva há 10 anos?

Bolas!!!










03/06/2018

E agora? O que é que eu faço?

Tens as respostas dadas vez mais empertigadas. Já começas a revirar os olhos de cada vez que te peço alguma coisa que não te apetece fazer. E lá vai ela! A bufar pelo caminho e atirar as mãos pesadas pelo ar. Basta-me dizer o teu nome para voltares à postura de menina bem educada, mas sei que fervilhas por dentro.
Achas sempre que estou a ser injusta contigo em relação ao teu irmão. Nem imaginas que é exactamente ao contrário e que passo a vida a fazer orelhas moucas às respostas que desabafas em voz baixa. Não porque não queira saber, mas precisamente por saber que fazem parte e não quero entrar em confronto constantemente. Tenho presente em mim uma adolescência ainda fresca. Sei bem que tens um monte de hormonas a comandar o teu sistema nervoso e todas as mudanças que estão a decorrer aí dentro. E aí fora! Ainda tenho bem presente o que estás a sentir.

Ainda recuas quando te lanço o meu olhar número 37. "Desculpe mãe!" Por isso sei que me respeitas e sabes bem quais são os limites (apesar da ousadia em tentar ultrapassá-los). Já percebi tudo! As birras que não fizeste com 2 anos, guardaste-as para agora, não foi?

Tens o desplante de afirmar assertivamente factos que aconteceram antes sequer de nasceres, mesmo depois de eu te dizer que é exactamente ao contrário. Isto está a ficar bonito!

Safa-te a tua doçura quando olhas para mim e a tua generosidade ao cuidar do teu irmão! O respeito que tens pelo Mundo e pelas pessoas.

Sempre foste teimosa e persistente.

Eu estou aqui. A observar. A aprender. A viver a tua adolescência de filha ao mesmo tempo que entro na minha adolescência de mãe. As mudanças não estão apenas a acontecer contigo. Estão também a acontecer comigo. Eu também estou a aprender a lidar com a tua autonomia. Com a tua autonomia intelectual, a tua autonomia emocional. A tua autonomia em geral! Quando achas que já sabes exactamente o que precisas e já tentas fazer tudo sozinha. Calma miúda! Calma contigo.

E calma comigo também. Não andes depressa demais porque eu estou a correr atrás de ti, a aprender a lidar com esta nova menina grande que está a entrar em casa aos poucos mas cada vez mais depressa. Depois perco o fôlego! E não quero ser injusta e ter de dar razão às tuas reivindicações.

Já sei que isto tende a piorar! E eu espero continuar a sentir empatia com as tuas hormonas, espero continuar a ter fôlego para correr atrás de ti. Espero que o meu olhar 37 continue a funcionar.