27/07/2018

A cesta das Mães Solteiras

É 6.ª feira. Este fim-de-semana os filhos são teus! Passas no supermercado para te abasteceres para o fim-de-semana.

- Fruta! Temos de levar fruta. Vais comer fruta sim! Quem é a mãe aqui?
- Legumes para fazer sopa nova. Não te preocupes! Desta vez não levo espinafres. Mas vais comer sopa, já sabes!
- Vou levar estes peitos de frango para fazer nuggets. Ficam bons no forno e têm menos gordura.
- Não! Não podes levar gomas.
- Vá... Leva lá cereais de chocolate para o pequeno-almoço! Um doce também não faz mal.
- Não! Não vou levar batatas fritas! Já sabes que não compro isso.
- Iogurtes
- Leite
- É melhor levar arroz, acho que está a acabar.
- Panquecas para o lanche? Ok! Vou buscar farinha de aveia que já não há.

É 6.ª feira. Este fim-de-semana os filhos são do pai! Passas no supermercado para te abasteceres para o fim-de-semana.

- Hum... Estes croissants estão com óptimo aspecto! Ah! Que bom! Estão mornos. Vou levar só um. Oh! Vou levar dois!
- Fruta? Vá... Levo morangos! Estão com boa cara.
- Chocolate Branco! Simmmmm!!!! Para acabar de ver a 3.ª temporada da série.
- Sopa! Vou levar já feita! Será que tem batata? Paciência! Já está feita!!!
- Ah! E uma lasanha destas! Não me vai apetecer cozinhar.
- Somersby! Acho que já só tenho uma.
- Batatas fritas. Está mesmo a apetecer-me.
- Bacon para fritar com os ovos.
- Se calhar vou voltar para trás para ir buscar também uma tablete de amêndoas torradas.

26/07/2018

Não deixes para amanhã!

O que podes fazer antes das férias!

Eu sou aquela pessoa organizada que faz tudo com antecedência! (Not!!!)
Deixo tudo para a última! Faço tudo na véspera, na última chamada, nos últimos 5 minutos.

No ano passado consegui estar 3 meses à espera de um livro de Português para a minha filha... Não me perdôo... Quem ficou mal foi ela que andou com fotocópias durante uma data de tempo por culpa da desorganização da mãe!

Este ano não me apanham nessa. Antes de ir de férias deixo tudo tratado e encomendado!

Fui ao site da Staples encomendar tudo. Basta escolher o sítio onde vivemos e a escola e ano em que os nossos filhos andam e as listas aparecem logo. Se comprarmos agora, temos logo 6% de desconto imediato até ao dia 19 de Agosto.

A minha parte preferida ainda é poder encadernar os livros escolares na Staples com aquele sistema Colibri que não estraga os livros, não faz bolhas, ficam perfeitos e eu ainda passo por mãe espectacular!!!

25/07/2018

Cada vez mais perto!

Ver o lado positivo das coisas, neste caso de uma coisa muito simples, a vida, é achar que a cada minuto que passa, estamos cada vez mais perto. Mais perto de quê? Sei lá eu! Cada um sabe de si. Cada um sabe quais são as suas lutas, os seus caminhos, os seus objectivos. A única coisa que aprendi, foi que, enquanto olharmos para trás para ver determinadas coisas que estão cada vez mais longe, esquecemo-nos de olhar para a frente para ver as próximas cada vez mais perto.

Podíamos até falar da fila do supermercado ou da fila de trânsito. A cada artigo que a menina da caixa passa do cliente que está à nossa frente, a nossa vez fica cada mais vez mais perto. A cada metro que avançamos numa fila de trânsito infernal, o nosso destino está cada vez mais próximo.

Agora basta pegar neste raciocínio, que até parece um bocado parvo, e projectá-lo na nossa vida. Na parte abstrata e misteriosa da vida. Sobre a qual não sabemos nada... Mas sabemos que, a cada minuto que passa, estamos cada vez mais perto. Seja da promoção no trabalho, das férias, daquele sonho por realizar. Até da morte estamos cada vez mais perto. Mas nessa preferimos não pensar. Não é com ela que queremos encontrar-nos. Apenas com as coisas boas que estão por vir.

Eu acredito que estou cada vez mais perto do Euromilhões por exemplo. Não sei! Está no lado abstrato e misterioso da vida. Mas se eu acredito, vocês também não são ninguém para me dizer que não!!! Cada um acredita no que quiser. O importante é que saibamos que estamos cada vez mais perto.

12/07/2018

Tu que preferes a magra!

Ontem, enquanto participava na Prova Oral com o Fernando Alvim, ligou um ouvinte a queixar-se que não tinha nenhuma relação há 10 anos. Que só queria ser feliz. Já agora com uma mulher magra porque não gostava de mulheres gordas.

Confesso que me contive para não lhe responder em directo. Não sabia muito bem se podia interromper a conversa. Mas desde ontem que fiquei a pensar nisso. Aproveito para responder, não só a ele, mas a todos os homens que preferem as magras.

Senti-me ofendida! Senti-me ofendida enquanto Mulher. Senti-me ofendida em nome de todas as Mulheres. Não só pelas mulheres gordas, mas pelas Mulheres magras também.

Tento explicar muitas vezes que, depois de um caminho percorrido, percebi que o meu estado civil não me define. Deixei de ter vergonha de dizer que era divorciada quando aprendi a dar-me valor. Quando finalmente descobri que aquilo que eu posso dar a quem está ao meu lado nada tem a ver com o facto de ser divorciada, casada ou viúva. Percebi que sou muito mais que Mãe, muito mais que Educadora de Infância, muito mais que Blogger, ou filha ou contribuinte. Na verdade somos um todo.  Mas não somos mais pela nossa profissão, ocupação ou estado civil. Da mesma forma, o tamanho das calças que vestimos também não define aquilo que somos. Ai não define mesmo!!!

A ti que preferes a magra, só posso concluir que o que queres mesmo nada tem a ver com o que a pessoa que poderia estar ao teu lado te possa dar. Aliás, nem tu tens nada para oferecer. Porque andas à procura de algo cujo conteúdo te é indiferente. Só interessa mesmo o pacote. (Em todos os sentidos!)

Tu que preferes a magra nada sabes sobre o que significa gostar de uma pessoa por aquilo que ela é. Pelo seu carácter, pelo seu sentido de humor, pelas suas convicções, pela sua força ou pela sua forma de viver.

Tu que preferes a magra não mereces sequer a gorda. Porque ao preferir a magra em vez da bem-disposta, ao preferires a magra em vez da generosa, ao preferires a magra em vez da forte, não preferes mulher nenhuma. Não mereces mulher nenhuma. Independentemente dela ser magra e bem-disposta ou magra e generosa.

Neste Mundo em que vivemos, talvez devesses até preferir a gorda. Porque a magra nunca teve de se esforçar para ultrapassar preconceitos. A magra nunca teve de se fazer de forte para vestir um fato-de-banho. A magra nunca teve de se sentir culpada diante de um bolo de chocolate.. A magra nunca teve de refugiar-se no seu sentido de humor para fazer-se bonita num Mundo que prefere magras.

Tu que preferes a magra não percebes nada! Não percebes que, muito provavelmente, escondida dentro das curvas bem delineadas e generosas de um corpo, está uma mulher que vai preocupar-se muito mais contigo e cuidar muito melhor de ti porque sabe que, num Mundo de homens de merda como tu, não há muitos que olhem para si. E por isso vai fazer-te feliz como nenhuma magra faria só por ter medo de te perder.

Tu que preferes a magra, não percebes absolutamente nada de Mulheres.

É por tantos ‘tus que existem neste Mundo que a gorda vai continuar a sentir-se gorda em vez de sentir-se bonita, generosa ou forte ou feliz.

Eu já fui a gorda. E mesmo que hoje seja magra, vou continuar a afastar de mim os homens como tu. Que preferem o rabo ao carácter. As maminhas ao sentido de humor. As pernas à generosidade.

Como disse alguém que interveio ontem no programa, tu que preferes a magra, podes ir ao talho escolher o teu pedaço de carne e continuar sozinho à espera que a magra apareça.


07/07/2018

Em que é que ficamos?

Há quem diga que não percebemos nada, no final das contas, eu até acho que percebemos tudo.

Tive um dia de praia espectacular. Com amigos. Acordámos bem cedo, o tempo estava uma merda, mesmo assim não desistimos. E eu estive quase... Pegámos nas crianças e nas sanduíches e fizemo-nos à estrada. Valeu tanto a pena não desistir!

A praia acabou numa mesa com caracóis, cervejas, bocas lambuzadas de gelado, gargalhadas e conversas boas. Mas também acabou com um telefonema a dar uma notícia triste da morte repentina de alguém.

Fiquei mal-disposta... Sempre que recebemos notícias destas ficamos assim... Mal-dispostos. Com o duro embate com a realidade. A realidade que tentamos não ver quando acordamos todos os dias. A realidade de que num minuto estamos aqui e no próximo não sabemos.

Agarrei-me aos meus filhos! Pensei nos meus pais. Olhei para os meus filhos a pensar se, se partisse naquele segundo, se teria deixado alguma coisa por lhes fazer. Na verdade, quando morremos, deixamos sempre tudo por fazer. Mas também é verdade que, se pensarmos bem, não deixamos absolutamente nada! Quando alguém morre, temos tendência a enaltecer essa pessoa. Acho que, se morresse, os meus filhos iam lembrar-se apenas das coisas boas que fazíamos e não do ralhete que lhes dei no outro dia só porque estava cansada e me deixou com a sensação de ter sido injusta no minuto seguinte.

Estes momentos dão-nos vontade de viver como se não fossemos acordar amanhã. De dizer a todas as pessoas importantes que as adoramos. De fazer algum pedido de desculpa que tenha ficado pendente. Temos até o desplante de pensar naquela viagem que queríamos tanto ter feito e ainda não houve oportunidade. Ou combinamos que vamos passar a ir contemplar o mar todos os dias.

A verdade é que é impossível viver como se fossemos morrer amanhã. Primeiro porque seria bastante cansativo viver com urgência em deixar tudo bem feito. Depois porque, aquelas coisas que consideramos especiais e temos vontade de as fazer quando nos cheira a morte, deixariam de ser especiais.

Se fosse todos os dias à Indía, deixava de ter vontade de a conhecer. Se comesse todos os dias as minhas comidas preferidas, deixava de conseguir sequer olhar para elas, quanto mais ter vontade de as comer. Se ligar todos os dias aos meus pais a dizer que os adoro, aquelas palavras que quero impactantes na hora em que são ditas, passariam a ser banais.

As coisas especiais são especiais precisamente porque não temos tempo ou oportunidade de as fazer constantemente!

Se calhar estes baques de morte fazem-nos bem de vez em quando, embora eu ache que ninguém devesse morrer! (Só os maus! Esses não fazem cá falta nenhuma!) Faz-nos bem, de vez em quando, lembrarmo-nos que somos finitos. E frágeis. Deve ser por isso que esses momentos nos fazem pensar em coisas importantes! Porque, felizmente, não acontecem todos os dias. E de vez em quando é bom pensar nas coisas importantes que temos para fazer e dizer.

Mas também faz parte da vida acordar, comer, trabalhar, executar tarefas quotidianas, levar os filhos à escola, esquecer de comprar leite, comer os mesmos bifes de frango de sempre, discutir com a mãe ou mandar o senhor do carro da frente à merda. Faz parte da vida. Faz-nos ser imperfeitos. Na verdade faz-nos vivos! E são essas perfeitas imperfeições do dia-a-dia que tornam algumas coisas tão especiais.

Por isso, afinal de contas, acho mesmo que não devemos viver como se amanhã fosse o último dia. Acho mesmo que devemos só viver. Com o bom e o mau que a vida nos dá. Com o melhor ou o pior que conseguimos fazer dela. Sem nos esquecermos de, de vez em quando, fazermos coisas especiais. De preferência sem termos de levar com um baque de morte.  Isso seria o ideal! Um dia havemos de ir todos não é?