20/01/2019

Quando olhas para mim e pensas que viste tudo

Quando olhas para mim e pensas que viste tudo, na realidade não viste absolutamente nada. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não imaginas tudo o que está por trás da primeira imagem que vês. 

Não imaginas a quantidade de coisas que tive de viver primeiro para ser aquela que estás a ver hoje. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não imaginas a quantidade de força que fui conseguindo armazenar ao longo de cada batalha que venci. (E olha que foram muitas!)

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não imaginas o tipo de mulher que se instalou dentro de mim. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não tens noção da quantidade de coisas que consigo fazer ao mesmo tempo, sem um único queixume. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não sonhas o quanto eu consigo rir e ser feliz com as pequenas coisas da vida, mesmo quando está tudo a desmoronar à volta. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não tens noção da dose de resiliência que está aqui, pronta para enfrentar a próxima adversidade. As pequenas e as maiores. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não te passa pela cabeça que, por muito que me saiba bem um abraço reconfortante de vez em quando, consigo mover montanhas para ter a certeza que não falta nada aos meus filhos. 

Quando olhas para mim e achas que viste tudo, não imaginas o quanto sou feliz com tudo o que tenho e o quanto valorizo tudo o que me aconteceu, porque sei que tudo isso faz aquela em que me tornei. 

Por isso, quando voltares a olhar para mim, não penses que já viste tudo. Não penses que sabes perfeitamente com quem estás a lidar. 

Primeiro vais ter de descobrir as minhas piadas secas, aguentar as minhas loucuras, entender os meus devaneios sem sentido, ouvir o meu silêncio, perceber que os meus filhos virão sempre primeiro que qualquer outra pessoa, conseguir acompanhar o meu passo e entender o que te digo com os olhos. 

Porque o tudo que eu sou, não é visível a olho nu. Nem em partes de tempo que não são suficientes para caber tudo lá dentro. 


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