28/02/2018

Nestas alturas é que vemos onde nos metemos!

Chego a casa pouco antes das 19:00. A primeira coisa a fazer é, como habitual, levar Mr Darcy à rua. Só que, habitualmente, lá fora não caem cataratas em jorro como hoje.
Enfio o meu blusão de guerra e um panamá na cabeça. Não dá jeito nenhum apanhar chuva na cabeça nos dias em que lavamos o cabelo...
Saímos para a rua e eu analiso minuciosamente por onde pretendo passar. Os sítios que tiverem poças menos profundas (tendo em conta que hoje não há sítios sem poças) para que Mr Darcy não fique encharcado até às axilas...
Chove demasiado e escolho um caminho por entre umas árvores para me proteger da chuva. Em vão... A chuva é tanta que nem as árvores me valem para nos proteger. Ainda não há luzes na rua, mas já está bastante escuro! Escuro demais até... Por causa da chuva não se vê ninguém... Não costumo fazer aquele caminho de noite e só a meio me apercebo que está demasiado escuro! Demasiado deserto... A chuva cai com uma força incrível. Há nevoeiro a atravessar as árvores. Ao fundo ouvem-se as ondas enfurecidas do mar. Confesso que não acho grande piada ao cenário que se está a formar à minha volta.
Mr Darcy? Mr Darcy passeia-se. Sem pressas. Como um verdadeiro gentleman. Vai cheirando todas as folhinhas. Marcando cada pedra do caminho. Observando cada árvore. Nas calminhas! Na minha cabeça uma sinfonia enfurecida de Punk Rock, na dele aposto que está uma melodia de música clássica. Quase vejo borboletas a sobrevoar-lhe a cabeça. Estás tão enganado cão! Hoje não é dia para isso!
Começo a ficar nervosa! A chuva está cada vez mais forte, a luz cada vez mais escura. Ao fundo as ondas do mar. O meu blusão de guerra já não aguenta mais precipitação e começo a sentir os braços húmidos. Os óculos embaciam. E o raio do cão não há maneira de fazer cocó! Cabrão!
Começo a olhar em volta! Tenho a certeza que vai saltar um morto-vivo algures de trás de uma das árvores... Aquele nevoeiro é assustador! (Sempre fui uma maricas!)
- Faz cocó! Caraças!!! Faz cocó!
Não sei se a pressão ajuda! A mim não me ajudaria! Mas também nunca deixei ninguém à chuva, no escuro e ao frio à minha espera...
De repente, um relâmpago! Porra! Era mesmo o que faltava! Relâmpagos a cair em cima de mim enquanto me passeio tranquilamente pelo meio de árvores e com um molho de chaves na mão. Sou o isco perfeito! Finalmente o gajo se decide a enviar o seu presente para a Natureza! Apanho aquela merda! (literalmente falando!) E desato a correr! Ele dá-me um esticão para o lado contrário, encontrou uma pedra que ainda não cheirou!
- Ah cabrão!!! Agora não cheiras mais nada! Corre!!! Temos de ir!!!
O gajo entusiasma-se! Eu tenho os óculos embaciados, chove como eu nunca vi! Aqueles 13kgs de cão têm uma força imensa e ele começa a servir de reboque a todo o gás à minha frente. Uma rampa... Eu de galochas! Ao fundo, um verdadeiro rio à nossa frente! Não tenho aderência para travar. Ou sigo em frente ou espalho-me ao comprido no meio do rio.
Entro no prédio... Ele encharcado... Eu só tenho as cuecas secas... Os cães são um bocado como os filhos! Nas alturas de maior aperto é que nos apercebemos no sarilho onde nos metemos! Mas para ter filhos, uma pessoa ainda precisa de sexo! Para ter um cão nem isso...
Vou tomar um duche e beber uma chá!


2 comentários:

Anónimo disse...

Curiosidade: um blog com 5 milhoes de visitantes e quase nao tem comentários.
São assim tão maus todos que não vejam a luz do dia?
Eu acho o blog giro e engraçado.
Bjs,
Ana Rita

Mariana disse...

Nem imagina o que chorei a rir com este texto...só de imaginar
Adoro o seu blog faz m rir chorar e sem duvida sentir me acompanhada nesta jornarda de mae solteira.
So peço que continue