18/01/2018

Mãe solteira pode!

Já estava no fim do meu dia de trabalho quando me lembrei que hoje não tinha filhos. Liguei ao pai a confirmar. (Esta minha cabeça não é para se fiar...) Confirmado! O pai ia buscá-los!

Saí da escola directa para casa. Atirei uns legumes para dentro da Bimba e deixei a sopa a fazer.
Atirei este corpo cansado para dentro de uma banheira com água bem quente. (Quando é que a Primavera volta mesmo?) Do meu telefone, umas baladas pirosas saíam da goela da Simone e do Roberto Carlos, alternadamente, enquanto tentava concentrar-me a encontrar silhuetas nas manchas da pedra da parede da banheira. O objectivo era mesmo esse! Não pensar em nada! Apenas nas silhuetas das manchas da pedra da parede da banheira.

Toalha enrolada no corpo. Bem apertada e com os braços protegidos. (Como se tivesse 10 anos outra vez. Infelizmente não tinha!) Enquanto levantava levemente os olhos para me ver no espelho embaciado. O espelho estava embaciado mas eu sabia que a imagem ali reflectida tinha rugas bem visíveis à volta dos olhos, umas enormes olheiras de cansaço e muitos cabelos brancos cobertos por um loiro escuro acobreado.

Atirar-me para o sofá sem ter de acender as luzes todas da sala. O pijama quentinho e o cheirinho do creme acabado de passar no corpo. Uma sopa acabada de fazer e uma televisão ligada só para dar luz e fazer barulho de pessoas.

Nada! Nada me espera! Nem sequer o relógio.

A dureza de ser mãe solteira é frequentemente compensada por estes momentos sem relógio. Vazios de tanto e tão cheios de paz.

1 comentário:

Mel disse...

boa noite! não sei se posso tratar por tu... mas Eu sei do que falas, o que sentes... não é fácil!
Aproveita na mesma, distrai-te, faz coisas que gostes, esse vazio da casa... vai sempre custar... tenta abafa-lo com descanso e paz!!